Todas as vezes em que eu ia à sala-de-estar da casa de Meishu-Sama, o que mais atraia minha atenção, era a vivificação floral do tokonoma, que era sempre inovadora na arte da ikebana.
Havia ocasiões em que, ao olhar para uma vivificação, o impacto de sua beleza e sua grandeza me tocavam profundamente, sendo envolvido por um sentimento um tanto místico. Meishu-Sama nos ensinava com toda simplicidade: “As pessoas costumam dizer. Para vivificar flores desse nível, o senhor deve ter se esforçado muito!’ Porém, digo-lhes que nunca ajo dessa maneira. O esforço demasiado não traz bons resultados. Para fazer uma vivificação, inicialmente, corto as flores num comprimento ideal e vivifico-as imediatamente. Por isso, não perco tempo e tampouco encontro dificuldade. Se mexermos muito nas flores, elas se sentem sufocadas e morrem. Por isso, as minhas flores apresentam-se sempre vigorosas. Elas devem estar em perfeita harmonia com o tokonoma, o objeto de decoração, o quadro e o vaso.”
Eu imaginava que as ideias de Meishu-Sama sobre ikebana fossem difíceis de serem praticadas de acordo com o senso comum. Realmente, ouvindo o que ele dizia e vendo suas composições, notava-se que as flores, as folhas, os galhos, as cores e a proporção, na medida exata, eram a manifestação máxima da beleza inerente a cada um. As flores eram vivificadas com todo amor e em total harmonia com o vaso, o tokonoma e o objeto de decoração. A grandeza de suas ikebanas transmitia-se ao coração de quem as apreciava. Compreendi quão grandiosa é a beleza que uma única flor ou folha possui.
Um servidor
Reminiscências Sobre Meishu-Sama vol.4