Desde os tempos remotos, fala-se sobre a Verdade, mas parece que ninguém fala sobre a pseudoverdade, ou melhor, sobre a verdade aparente. Entretanto, para analisarmos qualquer problema, será necessário saber diferenciá-las, pois essa distinção exerce enorme influência no resultado. Quando procedemos à análise por essa óptica, observamos que são numerosas as vezes em que a verdade aparente é tida erroneamente como Verdade, e a maioria das pessoas não o percebe.

A Verdade e a verdade aparente também estão presentes na religião, na filosofia, na ciência, na arte e até na educação. A verdade aparente desmorona com o passar dos anos; porém, a Verdade é eterna e imutável. Quando se descobre algo novo, no início, as pessoas acreditam tratar-se da maior de todas as verdades; todavia, com o aparecimento de novas teses e descobertas, é comum que ela venha a desmoronar. Da mesma forma, por mais notável que seja uma religião, quem pode garantir que ela não se extinguirá após centenas ou milhares de anos? Não seria uma extinção total, mas somente da parte que constituía a verdade aparente e é óbvio que se manteria a parte verdadeira. Mesmo que não possuísse nada que pudesse ser mantido, essa religião não seria alvo de críticas, pois cumpriu a sua missão de contribuir para o progresso da cultura. É inegável que, quanto mais próxima da Verdade a verdade aparente estiver, mais longa será a sua vida; quanto mais distante, mais curta.

Apesar de o acto de distinguir a Verdade da verdade aparente ser da responsabilidade dos intelectuais e dos líderes da época, raros são aqueles que têm essa capacidade fora do comum. Às vezes, a verdade aparente pode conservar-se por longo tempo. O absolutismo e o feudalismo são verdades aparentes que foram tidas como Verdade. O mesmo se pode dizer em relação ao fascismo de Mussolini (1883–1945), ao nazismo de Hitler (1889–1945) e à política expansionista de Tojo(1), que tiveram pouca duração. É interessante que, na época, o facto passou despercebido e, momentaneamente, os povos das nações governadas por aqueles líderes acreditaram tratar-se da Verdade, embora fosse uma verdade aparente. Devido a essa crença, até a vida foi encarada levianamente, e não podemos esquecer quantas pessoas foram vítimas de tais enganos. Diante disso, percebemos como é terrível a verdade aparente.

Não podemos deixar de observar que a Verdade e a verdade aparente estão presentes em grande medida também na religião. Quantas religiões surgiram e desapareceram! Apesar de terem sido gloriosas no início, tiveram uma vida breve, não deixando qualquer vestígio. Isso ocorreu porque elas se fundamentavam na verdade aparente. Entretanto, se for uma religião com valores em consonância com a Verdade, mesmo que por algum tempo sofra uma forte perseguição, um dia, sem dúvida alguma, conseguirá reerguer-se e tornar-se uma importante religião. Podemos fazer essa afirmativa observando as grandes religiões da actualidade.

30 de Janeiro de 1950

Alicerce do Paraíso vol. 1

(1) Hideki Tojo (1884–1948), primeiro-ministro do Japão no período de 1941 a 1945.

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