O objectivo da nossa Igreja é a construção do Paraíso Terrestre. Mas o que seria ele? Sem dúvida, é o mundo em que a Verdade, o Bem e o Belo são praticados em sua totalidade. Evidentemente, além dos método de saúde e da Agricultura Natural, que são a vida da nossa Igreja e visam à concretização desse mundo, temos o Johrei, que promove a renovação do corpo físico e espiritual. De mais a mais, é igualmente primordial promover a elevação do espírito da pessoa por meio do belo.
Em relação a ele, é um novo projecto que, no momento, nossa Igreja está iniciando. Vou expor, primeiramente, a situação actual do Japão.
Em uma classificação geral, o belo situa-se no domínio da audição, da visão e do paladar. No que se refere à audição, talvez nunca tenha havido época tão próspera em música como a atual, em virtude, principalmente, do rádio, sendo muito significativo o progresso do toca-discos, o avanço da indústria fonográfica. No tocante à visão, entretanto, a situação é muito precária, existindo apenas o teatro, o cinema e coisas do género. Em verdade, queremos algo que toque nosso sentimento pela beleza, que seja mais simples, mais próximo de nós, e que não sofra limitações pelo fator tempo. Ora, o teatro e o cinema são excelentes meios para deleitar os olhos, mas como esbarram nas restrições impostas pelos horários, questões financeiras e meios de transporte, ainda não podem ser aceitos como completamente satisfatórios.
O que propomos, como excelente forma de propagação do belo, é o cultivo e a distribuição de flores. Trata-se de ornamentar com flores não só as moradias como também os demais locais onde houver pessoas. Hoje em dia, nas residências de pessoas acima da classe média, encontramos flores que enfeitam os cómodos, mas isso não é suficiente. O nosso objectivo é fazer com que as ores possam ser apreciadas por qualquer pessoa, independentemente de sua classe social ou do lugar onde ela esteja: no canto do escritório, sobre a escrivaninha e nos demais espaços. Nem é preciso dizer o quanto uma flor nos revigora e nos conforta.
O ideal seria ornamentar, mesmo com um botão de flor, até mesmo casas de detenção e penitenciárias. Quão boa influência psicológica isso exerceria sobre os detentos! Se a sociedade chegar ao estado de existirem flores onde quer que haja pessoas, a força para tornar ameno este mundo infernal será realmente considerável.
No entanto, actualmente, nada podemos fazer em relação a isso, dado o alto custo das flores. Precisamos, a todo custo, fazer com que elas possam ser adquiridas a preços bem baixos. Para tanto, devemos intensificar sua produção, sem prejudicar a de alimentos. A respeito disso, vou apresentar um ponto muito importante.
Na questão de variedade de flores, o Japão é considerado o mais rico do mundo. Quanto ao método de cultivo, parece que nosso país tem atingido o nível mais alto. A tulipa, que antes era principalmente produzida na Holanda, já na época anterior à última guerra, passou a ser cultivada no Japão, na região de Echigo [N.T.: actual Província de Niigata], mostrando um bom retorno financeiro pela sua exportação. Na Província de Kanagawa, o lírio-branco era produzido e exportado para a Inglaterra e Estados Unidos, e sua produção vinha aumentando a cada ano.
Pela pesquisa que fizemos, constatamos que os americanos admiram muito as ores do Japão e têm grande interesse pelas nossas belas flores e variedades raras. Assim, daqui para frente, devemos fazer das mesmas mais um recurso para a obtenção de divisas, por meio de sua produção em larga escala. Até hoje, essa prática veio sendo negligenciada, mas de agora em diante, é necessário estimulá-la amplamente. Uma vez que a flor é um produto cuja exportação não sofre limitações de quantidade, creio que oferece grandes perspectivas.
Jornal Hikari nº 8, 8 de maio de 1949
Vol. 5
Título anterior: “Campanha de formação do Paraíso por meio das flores”.