Ao analisarmos a civilização atual, percebemos que sua estrutura é baseada na ciência materialista.

Escreverei, minuciosamente, sobre este assunto. Antes, contudo, é preciso conhecer a constituição do Universo. Serão dispensados os detalhes que não se relacionam directamente com o ser humano, abordando-se apenas os pontos mais importantes. Na verdade, o universo é constituído a partir de três elementos originários do Sol, da Lua e da Terra. Esses elementos são as essências do fogo, da água e da terra, e se apresentam, respectivamente, nas formas de Mundo Espiritual, Mundo Atmosférico e Mundo Material, onde ocorrem os fenómenos. A perfeita fusão e harmonia destes mundos é a própria realidade.

Até agora, só dois dos três mundos existentes eram conhecidos, isto é, o Mundo Atmosférico e o Mundo Material. Ignorava-se a existência de outro mundo: o Mundo Espiritual. Isso se dava porque ele não podia ser detectado pela ciência materialista. E, uma vez que a actual cultura materialista é o resultado do progresso alcançado a partir do conhecimento dos Mundos Atmosférico e Material, ela é uma cultura que abrange apenas dois terços da totalidade.

Surpreendentemente, o Mundo Espiritual, justamente aquele que até hoje veio sendo considerado inexistente, na verdade, é o centro da força fundamental, sendo mais importante que os outros dois mundos juntos. Portanto, se desprezarmos sua existência, não haverá como surgir uma civilização perfeita. A melhor comprovação disso é que, não obstante o avanço da cultura dos mundos material e atmosférico, a felicidade – maior anseio do ser humano –, não acompanha esse avanço.

Examinando o motivo dessa contradição, descobrimos que há uma profunda razão para tal. Se, desde o começo, a humanidade conhecesse a existência do mundo primordial, ou seja, do Mundo Espiritual, certamente, a civilização materialista não teria alcançado o maravilhoso progresso que vemos hoje. Foi exatamente porque ela ignorou o Mundo Espiritual que nasceu o pensamento ateísta, que deu origem ao mal e, consequentemente, teve início a luta entre o bem e o mal. Atormentada pelo sofrimento decorrente dessa luta, a humanidade, forçosamente, precisou fomentar o progresso da cultura materialista.

Pensando bem, o que isso seria senão o profundo Plano de Deus? No entanto, caso seu desenvolvimento ultrapasse determinado limite, corre-se o risco de ver o colapso da cultura.

A invenção da bomba atómica, em especial, é um exemplo disso. Por conseguinte, chegar a esse ponto significa que já atingimos o momento determinado pelos Céus, de haver uma grande mudança no desenvolvimento da cultura. O primeiro passo é revelar a toda a humanidade a existência do Mundo Espiritual, até então tido como o Nada.

Tratando-se, porém, de uma existência equivalente ao Nada, logicamente isso não poderá ser feito pela ciência e seus métodos. Daí a razão da manifestação de uma grandiosa força jamais experimentada pela humanidade, isto é, o Poder de Deus. Visto que, há longo tempo, o homem contemporâneo está preso à visão materialista, é muito difícil convencê-lo. Para tal existem os milagres manifestados por um método único que temos em nossa religião. E esse método é o Johrei. Isto porque, mesmo que seja ateísta, a pessoa não poderá deixar de aceitar a realidade. Assim, quando a existência desse mundo se tornar conhecida pela humanidade, ela se verá obrigada a promover uma mudança de cento e oitenta graus na cultura contemporânea, com vistas ao nascimento de uma verdadeira civilização comum ao mundo todo.

Resta, no entanto, um incómodo problema: como a cultura actual foi erigida ao longo de milhares de anos, não se sabe quanto mal foi praticado até agora. Obviamente, as más ações dão origem às impurezas do corpo espiritual, cujo grande acúmulo constituirá um obstáculo para a construção do novo mundo. É como se, na construção de uma casa, houvesse sujeira por todo o lado, como pedaços de madeira, metais e outros, tornando-se indispensável uma limpeza. E isto deve ser o que Jesus Cristo chamou de Juízo Final.

Os maravilhosos e incontáveis milagres manifestados pela nossa religião não podem ser outra coisa senão o Plano de Deus para fazer o ser humano conscientizar-se da existência do mundo primordial, ou seja, o Mundo Espiritual. E Deus encarregou-me desta grandiosa missão.

4 de Julho de 1951

Alicerce do Paraíso vol. 1

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