Século XXI – 2ª Parte

(…) O que me pareceu mais bonito no passeio foi um caminho cheio de hortênsias, em determinado bairro, na extensão de uma milha. A segunda coisa mais bela foi o caminho que vinha em seguida, todo florido de dálias. Existia, também, um local onde se viam cachos de uvas pendurados nas duas calçadas das ruas, e latadas de glicínias cujas flores já haviam caído e que só tinham folhas. Em diversos pontos da cidade, havia pequenas casas de chá com mesas e cadeiras enfileira- das na beira das calçadas, a fim de que os transeuntes pudessem tomar bebidas simples apreciando as flores. Cada bairro possuía um ou dois pequenos parques públicos, onde as crianças brincavam alegremente, e por isso a cidade também era o Paraíso das Crianças. Alguns jardins de flores tinham um lago artificial bem no centro, e o interessante é que, em sua superfície, boiavam nenúfares. Todas as plantas eram rega- das várias vezes por dia, numa hora determinada. Havia um encanamento instalado em volta dos jardins: era um cinturão quadrado, de cimento, com um número infinito de orifícios. Bastava abrir a torneira para que, desses orifícios, saíssem ja- tos d’água, como os de um chafariz, molhando todo o jardim.

Outro aspecto que me surpreendeu foi o tempo, que também era controlável, podendo-se fazer sol ou chuva. Assim, se na manhã ou na tarde de certo dia da semana chovia, depois fazia bom tempo até determinado dia. O vento também es- tava controlado para soprar na proporção adequada, em dias espaçados, sendo que, de vez em quando, soprava um vento forte. Isso era inevitável, para que as árvores fortificassem suas raízes. A antiga expressão “de cinco em cinco dias ventar, de dez em dez chover”, deve referir-se a essa época. Natural- mente, tudo decorria do progresso da Ciência.

Nesse meu passeio pela cidade, vi algo interessante. Em di- versos locais havia umas casinhas de vidro, semelhantes a caixas, onde se podiam ver desde árvores com folhas aciculiformes até árvores que apresentam sempre o mesmo aspecto, como pinheiros, cedros, ciprestes, lariços e outras. Nessas casas conservava-se a temperatura de mais ou menos dez graus centígrados; naturalmente, havia um aparelho de ar condicionado em cada uma. Eram oásis artificiais para aqueles que transitavam pelos arredores, sob o sol quente do verão. Em to- dos esses locais vi jovens realizando diversas atividades sob a orientação de um responsável, que tinha vasto conhecimento de botânica e havia sido selecionado entre os componentes da comissão de cada bairro.(…)

Extraído de “O século XXI, artigo náo publicado, escrito em 1948

Livro “Luz do Oriente”

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