A harmonia é uma palavra utilizada desde a antiguidade que soa, em um primeiro momento, como algo positivo. Em geral, é tida como um caminho natural, mas na verdade existem pontos que não podem ser aceitos cegamente. Isso porque essa forma de pensar é superficial, apesar de não estar totalmente errada. Sendo assim, precisamos aprofundá-la.
Tudo o que há no Universo acha-se em perfeita harmonia. Não existe um mínimo sequer de desarmonia. Aquilo que se apresenta aos olhos humanos como desarmonia, é apenas a parte visível. Isso porque a desarmonia é criada pelos seres humanos, e sua origem provém da ação anti-natural. Ou seja, do ponto de vista da Grande Natureza, o surgimento da desarmonia em decorrência da ação anti-natural é a verdadeira harmonia. Esta é a correta e imparcial Verdade. Neste sentido, basta que o ser humano obedeça às leis do Universo para que todas as coisas se harmonizem e caminhem normalmente.
Assim, quando se promove desarmonia, nasce desarmonia. E quando se promove harmonia, nasce harmonia. Uma vez que essa é a Grandiosa Harmonia da Natureza, quando o ser humano aprofunda sua compreensão sobre este assunto, torna-se feliz. A maior prova disso é que o que hoje é desarmonia, com o tempo, se transforma em harmonia. Por outro lado, muitas vezes, quando estamos despreocupados achando que está tudo em harmonia, quando menos se espera, ela é quebrada e se transforma em desarmonia. Esta é a realidade do mundo que exige nossa profunda reflexão.
É bom que tenhamos sempre em mente que aqueles que têm visão shojo[2], enxergam desarmonia nas coisas e, ao contrário, os de visão daijo[3] enxergam a harmonia.
1o de Outubro de 1952
Alicerce do Paraíso vol.1
[1] Título anterior: “A dialética da harmonia”.
[2] Visão shojo: Visão micro; prende-se ao particular em detrimento do todo; é uma visão estreita, limitada, restrita, individual, exclusiva e de curto prazo.
[3] Visão daijo: Visão macro; analisa o todo sem se prender ao particular; é uma visão larga, ampla, extensa, coletiva, integral e de longo prazo