Durante a Segunda Guerra Mundial, ouvindo dizer que Meishu-Sama gostava muito de truta, desejei a todo o custo levá-la ao Mestre. O funcionamento da ferrovia era muito precário e, para conseguir fazer os peixes ainda frescos, coloquei-os num recipiente térmico, que consegui com muita dificuldade, e fui à estação de Nagoya para pegar o trem das 20 horas. Chegando lá, soube que o trem estaria inativo por tempo indeterminado, em virtude da iminência de um ataque aéreo. Com certo desânimo, sentei-me perto da entrada da estação, pensando: “Seja o que Deus quiser”; ao mesmo tempo, orava com fervor e pensava se não haveria algum meio de levar até Meishu-Sama o peixe de que ele tanto gostava.

Após mais ou menos uma hora, anunciaram pelo alto-falante a partida de um trem com destino a Tóquio. Cheio de alegria, consegui entregar as trutas, na manhã seguinte bem cedo, no Shinzan- So, em Hakone.

Os peixes seriam servidos no café da manhã. Todavia, parece-me que o encarregado não sabia como prepará-los. Eu estava numa sala, tomando meu desjejum, quando Meishu-Sama surgiu repentinamente na cozinha e perguntou com tom severo: “Quem é que assou os peixes? A intenção era pisotear o sentimento da pessoa que os trouxe especialmente para mim?”

Os peixes pareciam mais umas sardinhas secas. Peguei alguns que restavam e coloquei-os no espeto para assar. Mas era difícil, pois ora pegavam fogo, ora queimavam demais. Então, envolvendo-os em bastante sal e aumentando o fogo, consegui assá-los, pacientemente, a uma certa distância da brasa. Depois, pedi para servi-los sem a camada de sal. Naturalmente, os que eu preparei também

não ficaram dos melhores. Durante a refeição, fiquei preocupado com o que poderia acontecer. Mais tarde, encontrei-me com Meishu-Sama quando ele se dirigia para o banho matinal. O acompanhante disse-lhe: “Esta é a pessoa que trouxe os peixes.” Então, ele olhou para mim e disse: “Estavam muito gostosos.”

Um ministro

Reminiscências Sobre Meishu-Sama vol. 5