Podem Enganar Perante os Olhos do Homem, mas Perante os de Deus…

O fato a seguir ocorreu em 1948, em Atami, quando a Sede Provisória da Igreja ficava no bairro de Shimizu.

Naquela época, Meishu-Sama começava seus trabalhos de caligrafia, todas as noites, a partir das 18 horas e 45 minutos. Eu e mais duas pessoas, primeiramente, limpávamos a sala e preparávamos o material necessário para, então, recebê-lo.

Uma noite, os dois que serviam comigo quebraram o lustre ao brincarem com uma vassoura. Na época, aquele que danificasse um prato que fosse, deveria apresentar-se de imediato a Meishu-Sama e pedir-lhe perdão. Quando procedíamos assim, Meishu-Sama nos perdoava, dizendo simplesmente: “Se foi por descuido, não tem jeito. De agora em diante, preste mais atenção.” Entretanto, justo nesse dia, ele não estava de bom humor; assim, pensando que seriam severamente advertidos e como ainda havia tempo suficiente para o início da dedicação, foram à loja de lustres, compraram um igual e fizeram a substituição. Assim, nem foram pedir desculpas.

Recebemos Meishu-Sama como se nada tivesse acontecido. Apesar de eu não ter participado do caso, estava com a consciência pesada, mas fiquei quieto.

Como de costume, Meishu-Sama deu logo

início aos trabalhos, ouvindo o rádio. Ao se apoiar

sobre o tapete, sentiu um caco de vidro.

“Aconteceu algo aqui, não foi?” perguntou. Os

dois servidores se entreolharam, mas fingiram

não saber de nada. A seguir, Meishu-Sama

mandou chamar a pessoa que limpara a sala.

Ela, que ignorava o fato, mesmo sem entender o

que estava ocorrendo, desculpou-se. Então, uma

a uma, as servidoras foram chamadas, mas não

apareceu o culpado. Meishu-Sama disse: “Isso

não é possível” e procedeu a um detalhado

interrogatório. Sem conseguirem se conter, os dois

começaram a chorar: “Desculpe-nos. Na

realidade, aconteceu o seguinte…” Meishu-Sama

ficou muito zangado e chamou a atenção com

todo rigor: “Pode ser insignificante, mas isso não

é atitude própria de uma pessoa de fé! Por mais que enganem perante os olhos do homem, não conseguem enganar perante os olhos de Deus”, e os servidores foram afastados durante uma semana como punição.

Finda a advertência, Meishu-Sama virou-se para mim e disse: “Você estava a par de tudo isso, não estava? Saber do fato e manter-se em silêncio é mais grave do que cometer o erro propriamente dito.” Assim, recebi uma advertência muito mais severa. De cabeça baixa, pedi perdão diversas vezes, mas foi em vão. Meishu-Sama continuou: “Quantos anos faz que você ingressou na Fé? Se os dois queriam esconder o que fizeram, a verdadeira atitude sua não seria fazê- los reconsiderar a idéia? Aliás, uma pessoa de verdadeira fé viria se desculpar no lugar dos dois. Em vez disso, tornou-se cúmplice. Não se sente culpado perante Deus? Não posso confiar a uma pessoa assim as importantes tarefas da Obra Divina.” Portanto, no meu caso, não foi só uma semana de punição, mas durante um mês inteiro tive que fazer a limpeza dos jardins diariamente.

Pouco tempo após aquele incidente, outro servidor cometeu uma imprudência. Desta vez, quebrou uma valiosa obra de arte. Mas essa pessoa foi imediatamente pedir perdão a Meishu- Sama, que, de maneira bastante compreensiva, disse: “Se quebrou, não tem jeito. Tome mais cuidado de agora em diante.” Senti-me impressionado ao saber que Meishu-Sama era capaz de aceitar, com facilidade, a perda de uma obra de arte de alto valor; por outro lado, no caso do lustre, que se não me engano, custava apenas 40 ienes, não foi nem um pouco tolerante. Assim, ele advertia-nos severamente em caso de mentira e de atitudes fora da lógica.

Um servidor

Reminiscências Sobre Meishu-Sama vol. 5

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