“Já passei por muitas atribulações.
Houve momentos em que me vi sob águas escaldantes e,
outras vezes, sobre ténues camadas de gelo.”
(…) Completar trinta e oito anos, para mim, foi também o meu segundo nascimento. A partir de então, inesperadamente, ingressei na vida religiosa e, pela primeira vez, soube da missão confiada a mim pelos Céus. Após tornar-me religioso, passei por grandes sofrimentos, mas, por outro lado, também tive grandes alegrias. Tal como diz o ditado: “A tristeza e a alegria vêm alternadamente”. Assim, consegui percorrer até aqui a minha vida. Naturalmente, consegui alcançar o estado de kenshinjitsu (Estado de Suprema Iluminação Espiritual), que Sakyamuni atingiu aos setenta e dois anos, e pude conhecer a existência de Deus e dos mundos Divino, Espiritual e Material, o significado fundamental da vida e da morte, a tendência do mundo no passado, presente e futuro, o significado da vida, etc. A minha alegria foi algo imensurável. Acho que foi bem maior que a alegria sentida por Dharma quando alcançou a Suprema Sabedoria, na noite em que reverenciou a lua cheia, após ficar sentado contra uma parede durante nove anos, oito meses e quinze dias.
É do conhecimento de todos que, em princípio, os fundadores de religiões, desde os tempos antigos, têm manifestado muitos milagres. Eu, também, cheguei aos dias de hoje vivendo uma vida religiosa de contínuos milagres, extremamente misteriosos e profundos. Entretanto, desejo ressaltar, em especial, que, de acordo com os dados, comparando-me aos fundadores das religiões que até hoje surgiram, eu sou muito diferente em todos os sentidos. Dentre eles, o ponto mais evidente é a inexistência de qualquer diferença entre mim e as pessoas comuns no que se refere à maneira de vida, e isto as pessoas têm dito com frequência. Dessa maneira, tenho sempre como princípio o senso comum, talvez por detestar as condutas excêntricas. Também creio que não há pessoa de caráter tão multilateral como eu; ninguém que, apesar de ser religioso, tenha tanto interesse por quase todas as coisas da vida, tais como Política, Economia, Arte, Educação, etc. Sinto que isso é realmente uma grande felicidade; portanto, é constante a minha gratidão a Deus. (…)
Colectânea Série Jikan vol. 9
Prefácio do livro “Caminho para a Luz” (30/12/49)
O Pão Nosso de Cada Dia pág. 62