A verdadeira fé deve ter como foco não ferir o bom senso no falar e no agir. É preciso cautela com relação à fé baseada em ações excêntricas, discursos estranhos e possessões por divindades, muito comuns na sociedade. Entretanto, muitas pessoas tendem a dar mais crédito e a se sentir gratas a esses tipos de fé por não possuírem conhecimento espiritual. Isso é até compreensível, mas é preciso cuidado. Também é reprovável a fé que se julga superior às outras, que não se relaciona com pessoas de outros grupos religiosos.
A verdadeira fé é aquela que crê que a missão da religião é salvar a humanidade e evita agir de forma exclusivista, sem se restringir ao próprio grupo. Basta observar o caso do Japão antes do fim da Segunda Guerra Mundial para entender o que quero dizer: sofreu amarga derrota por ter visado apenas ao próprio bem e ficado indiferente à sorte dos demais países.
Acredito que o propósito final da fé é a formação de seres humanos perfeitos. Evidentemente, não se pode esperar a perfeição do mundo, mas o aperfeiçoamento para consegui-la passo a passo é a verdadeira atitude de fé. Portanto, quanto mais a pessoa se empenha na fé, mais deve se portar como uma pessoa comum. Isto ocorre porque ela assimilou completamente a fé. A pessoa deve chegar a tal ponto que, sem dar indícios da fé que professa, causa boa impressão a todos, e seus atos e palavras sempre se baseiam no bom senso. No seu contato com os outros, assemelha-se à suave brisa da primavera. É modesta, gentil, e deseja crescente felicidade do próximo e o bem-estar da comunidade.
Sempre afirmo: para ser feliz, é preciso fazer o próximo feliz, pois a Divina recompensa que disto provém, é a verdadeira felicidade. Portanto, devem saber que buscar a própria felicidade com o sacrifício alheio significa provocar nada mais que um efeito contrário.
5 de setembro de 1948
Alicerce do Paraíso Vol.3