Comecei a escrever artigos há mais de dez anos; naturalmente, apenas sobre assuntos relacionados à fé. Diferentemente de outros fundadores de religiões, procurei não empregar um tom formal, mas ao mesmo tempo utilizei uma linguagem que todos pudessem compreender facilmente, sem cair na impolidez. Todavia, aqui temos um problema. Por exemplo, as oitenta e quatro mil sutras budistas, a Bíblia cristã, os ensinamentos exotéricos da religião Shingon(1), os ensinamentos de Shinran(2) e de Nitchiren, os salmos da fundadora da Tenrikyo, o Ofudesaki(3) da fundadora da Oomoto, todos eles têm um lado negativo, isto é, cheiram exageradamente a religião. Entretanto, também têm seu aspecto positivo, pois possuem um mistério que ora julgamos entender, ora nos parece incompreensível, e talvez seja por isso mesmo que eles exerçam certa atração. Uma vez que é difícil interpretá-los, dependendo da pessoa, esses ensinamentos podem ser compreendidos de diferentes maneiras, o que facilita a formação de ramificações. Além disso, a História nos mostra que, quanto maior for o número de adeptos de uma religião, mais ocorrerão subdivisões que lutam entre si. Assim sendo, não conseguindo captar a essência da fé, os fiéis frequentemente se sentem confusos e dificilmente conseguem alcançar o verdadeiro estado de paz interior.

Diante dessa realidade, seria praticamente impossível unificar harmoniosamente até mesmo uma única religião por meio desses ensinamentos. Consequentemente, a união de todas elas torna-se impensável. Este deve ser, também, o motivo do aparecimento de novas religiões a cada ano que passa. Observando somente o Japão, notamos que a tendência atual é aumentar o número de religiões proporcionalmente ao crescimento da população.

Jeová, Deus, Logos, Tentei, Mukyoku, Amaterassu Okami, Kunitokotati-no-Mikoto, Jesus Cristo, Buda Sakyamuni, Amida e Kannon constituem o alvo de devoção de diversas religiões. Além destes, que são os principais, poderíamos citar Mikoto, Nyorai, Daishi e inúmeros outros. Sem dúvida alguma, não levando em conta Inari, Tengu, Ryujin e mais alguns, que pertencem a crenças populares, eles são divindades de alto nível. É indiscutível que todos se originam do único e verdadeiro Deus, isto é, do Supremo Deus.

Até hoje, contudo, cada religião se considera mais elevada que as demais, havendo certa discriminação entre elas. Dessa forma, é impossível promover a união de todas. Apesar disso, o objectivo das religiões é o mesmo. Ou seja, não há uma sequer que não deseje a concretização do Paraíso na Terra, do mundo paradisíaco, do mundo ideal, em que toda a humanidade é feliz.

Entretanto, o que é preciso para que este mundo se concretize?

É necessário que surja uma religião que promova a união do mundo inteiro. Para tanto, deverá ser grandiosa e ultrarreligiosa a ponto de toda a humanidade crer nela. Não quero dizer que essa religião seja a Igreja Messiânica, mas a missão desta é ensinar o meio que possibilitará a realização do mundo ideal, ou seja, mostrar como elaborar o plano, o projecto para a construção deste mundo. À medida que o número de pessoas conscientes disso aumentar em cada país, avançaremos gradativamente rumo ao nosso objectivo.

Em síntese, será o esclarecimento da Verdade. Através dela, todas as falácias se tornarão evidentes e serão corrigidas, concretizando um mundo de luz, claro e límpido. Naturalmente, o mal será excluído do ser humano; o bem, que estava subjugado, prosperará, e a humanidade desfrutará da felicidade. Portanto, em primeiro lugar, é fundamental que a Verdade seja divulgada às pessoas, sem exceção.

Falando assim, talvez as pessoas retruquem que, desde os tempos antigos, inúmeros grandes mestres já vieram ensinando tudo sobre a Verdade e que, por conseguinte, a essas alturas, isso não seria mais necessário. Contudo, este é o problema. Isso porque, se a Verdade tivesse sido desvelada até o presente, ela já teria sido esclarecida, e o mundo paradisíaco estaria concretizado ou se encontraria próximo. Todavia, sequer visualizamos indícios de tal afirmativa. Em termos materiais, talvez possamos dizer que estamos nos aproximando do Paraíso; por outro lado, ou seja, em termos espirituais, não se observa nenhum avanço, sendo que há, até mesmo, um retrocesso. Assim, sequer podemos prever quando o mundo paradisíaco será verdadeiramente concretizado. Desse modo, as pessoas perceberão que o motivo reside no fato de, até hoje, ter-se acreditado numa verdade que, na realidade, não era a Verdade.

O melhor meio para constatar o que estou dizendo é observar a real situação do mundo. Tudo se encontra por demais distante da condição paradisíaca. A doença, o maior sofrimento do ser humano, não está diminuindo, e o dissabor da vida denominado pobreza continua. O conflito entre os indivíduos, entre os países, isto é, a guerra, encontra-se na situação que podemos observar. Portanto, isso é a prova de que a Verdade não está sendo posta em prática. Consequentemente, aquilo que até agora era considerado Verdade, na realidade, consistia numa pseudoverdade. Esta, além de não ter sido benéfica, veio até mesmo sendo um obstáculo à construção do Paraíso. No entanto, finalmente, o tempo chegou. Deus esclarecerá a Verdade à humanidade através de minha pessoa. Sendo essa a razão da instituição da nossa Igreja Messiânica, os textos que eu escrevo são orientados por Deus de tal forma que todas as pessoas possam compreender. Assim sendo, o que escrevi até agora é Verdade. Vou desvelar a pseudoverdade e ensinar como sanar suas falhas, refletindo-as no espelho da Verdade. Assim, não só ficará clara a diferença entre a Verdade e a pseudoverdade, como também vou mostrá-la com base na realidade. É isso que vem a ser o método do Johrei, o cultivo agrícola natural(4), o aperfeiçoamento da arte e a construção do modelo do Paraíso Terrestre.

Em suma, o empreendimento que agora estou realizando – o grande esforço para que todos compreendam a Verdade por meio da palavra escrita – constitui um importante processo de esclarecimento da Verdade.

25 de Setembro de 1951

Alicerce do Paraíso vol.1

 

(1) Shingon: Religião de linhagem budista fundada no Japão há mais de 1.200 anos pelo monge Kobo Daishi (774-835).
(2) Shinran: Shinran Shonin (1173-1263) foi um monge budista japonês que fundou a religião de linhagem budista Jodo Shinshu.

(3) Ofudesaki: Livro sagrado de revelações divinas da religião Oomoto.
(4) Cultivo agrícola natural: Outro nome utilizado por Meishu-Sama para Agricultura Natural Messiânica.

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