O Motivo da Jovem Não Ter Sido Solta

Entre os membros de que Meishu-Sama cuidou diretamente, ficou gravado em minha mente o caso de dois irmãos. O mais velho era forrador de biombos e, tendo muitos filhos, vivia em dificuldades financeiras. Pouco tempo depois de ele ter ingressado na fé, sua irmā mais nova, de 27 anos, fora salva por Meishu-Sama. A moça era uma vítima pois, para ajudar o irmão, trabalhava numa casa noturna. Na verdade, não sei se ela fugiu daquela casa não suportando a vida de prostituição ou se estava na casa do irmão para tratar da doença venérea que contraíra. Enfim, o fato é que ela foi pedir ajuda a Meishu-Sama.

Tomado do nobre desejo de torná-la saudável e reabilitá-la através da fé, ele decidiu acolhê-la como doméstica na residência de Shofu-So e ministrar-lhe Johrei.

Banhada pela Luz de Deus, a moça, que levara uma vida dissipada, sofreu uma transformação. Em menos de meio ano, era uma pessoa completamente diferente, tendo recuperado a saúde e ficado mais bonita.

Aproximadamente um ano após ter sido salva, sua vida pregressa veio à tona através do seguinte fato.

Certo dia, uma pessoa de meia-idade com jeito de mafioso veio ao Shofu-So acompanhado de um rapaz de estatura alta. Chegando, disse: “Se não me engano, aqui mora uma certa moça sobre a qual quero conversar com o dono desta casa.” Meishu-Sama, ao ser comunicado do fato, foi atendê-los.

Fiquei sabendo mais tarde que, por várias vezes, esses homens haviam procurado o irmão da moça e, pressionando-o, tentaram saber do seu paradeiro. O irmão, não querendo causar aborrecimentos a Meishu-Sama, insistia em se calar mas, desta vez, tomado pelo medo, acabou revelando que ela estava no Shofu-So.

Meishu-Sama recebeu-os em seu aposento. “Se, porventura, partirem para a violência, precisarei agir rapidamente” – com esse pensamento, fiquei atento no comodo contíguo.

Eles eram pessoas mandadas pela casa noturna. Disseram, mais ou menos o seguinte: “A moça tem uma dívida com a casa. Como ela nos pertence, queremos que volte conosco
imediatamente. É uma insolência de sua parte dar proteção e empregar alguém que fugiu. Deveria ter-nos comunicado de alguma forma.” Meishu-Sama, em atitude serena, mas com palavras firmes e falando cautelosamente, respondia de forma concisa e clara. Sua maneira de recebê-los era comparável à de um “poderoso chefão” essa foi a impressão que tive a seu respeito.

Fiquei deveras surpreso, pois tinha visto, pela primeira vez, esse lado de Meishu-Sama. No final, ele tirou do bolso uma carteira e deu algum dinheiro aos visitantes, que se retiraram.

Mesmo não sendo parente da moça, não pude deixar de reverenciar a atitude generosa de Meishu-Sama e de me emocionar.

Mais tarde, ao comentar o fato, Meishu-Sama me disse com simplicidade: “Se ficarmos quietos diante dessas pessoas, elas nos menosprezam. E se somos muito incisivos, a coisa pode complicar. Assim sendo, há uma forma específica de se lidar com elas, sem darmos brechas ou passarmos por bobos.”

Com isso, o problema que dizia respeito à moça foi completamente solucionado e ela, totalmente livre do pavor e da intranqüilidade, passou a dedicar fervorosamente na Obra Divina, sendo agraciada com a felicidade.

Porém, passado cerca de meio ano, a moça não conseguiu mais dedicar pois seu abdômen começou a inchar e o corpo ficou tomado de bolhas d’água, parecendo sintomas de uma peritonite. Meishu-Sama ministrava-lhe Johrei todos os dias mas, ao invés de melhorar, seu abdômen foi crescendo cada vez mais, a ponto de ela ficar impossibilitada de andar. Ao compreender que ela não teria permissão Divina de se salvar, mandou-a de volta para a casa do irmão. Dias depois, tivemos a notícia de que havia falecido em paz.

Logo após sua morte, Meishu-Sama me perguntou: “Sabe por que aquela moça não se salvou? Porque, apesar de ela ter recebido toda graça e proteção de Deus, ultimamente alimentava a ganância e o sentimento de voltar as costas para Ele.”

Assim, comecei a refletir e, pela primeira vez, percebi que, entre outras coisas, ela havia começado a caprichar demais na maquilhagem.

Um servidor

Reminiscências sobre Meishu-Sama vol. 4

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