Quando entrávamos no aposento de Meishu Sama, nossos olhares logo se dirigiam para o tokonoma, onde víamos, vivificada de forma inusitada, uma flor que nunca imaginaríamos estar naquele vaso.
“De forma inusitada” não significa que a ikebana de Meishu-Sama se assemelhasse aos arranjos modernos, que empregam materiais também não-convencionais. Graças à sua criatividade, ele não se prendia aos modelos de nenhum dos numerosos estilos existentes até então. Naturalidade era a primeira impressão que se tinha diante da flor de Meishu Sama. Portanto, era desnecessário forçar a imaginação; ela estava na sua forma mais natural, em perfeita harmonia com o ambiente. E quem a apreciava era envolto, sem perceber, por uma sensação de tranqüilidade. Era como se estivéssemos vendo a flor na própria natureza,
em plena manifestação de sua exuberância.
Mesmo assim, a interferência humana se fazia sentir: as folhas em excesso eram podadas, as plantas eram cortadas na medida adequada e o vaso era escolhido de acordo com a flor. Interferir na medida certa requer bastante aprimoramento. Meishu-Sama ensinava-nos freqüentemente: “É bom cortar a flor e vivificá-la imediatamente; no máximo, em um ou dois minutos. Não se deve manuseá-la por muito tempo.” E também: “A verdadeira beleza é aquela que encanta qualquer pessoa.”
Realmente, não há quem deixe de apreciar as flores e de se maravilhar com sua beleza. Uma vivificação que fascina a todos é aquela que obedece à Natureza.
Um presidente da Igreja
Reminiscências Sobre Meishu-Sama vol.4